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GRITAR – Quais os efeitos no cérebro do seu filho?

Já deu por si, no fim de um dia stressante, a repetir alguma ordem ao seu filho à medida que vai elevando o tom de voz? Ou, a meio de uma birra em que se apercebe que está a gritar mais do que o seu filho? Gritar com os filhos não é solução mas…

Não está sozinho. Sabemos que o autocontrolo é muito importante na educação dos nossos filhos, mas na prática nem sempre é assim tão simples. Muitas vezes parece que gritar é a única forma de chamar a atenção dos nossos filhos e, por vezes, eles param ou alteram o comportamento mas não porque entenderam a mensagem. O que o seu filho vai ouvir é descontrolo, agressividade, impotência. Logo, a mensagem que queria passar não vai ser transmitida. Basta reparar que no dia seguinte estará a gritar, muito provavelmente, pelos mesmos motivos.

Além de não trazer qualquer benefício para a educação, gritar tem efeitos reais no cérebro do seu filho.  Esses efeitos já foram demonstrados por vários estudos. Em termos de evolução, gritar tem a função de alertar a espécie para um potencial perigo. Neste sentido, é libertado cortisol – a hormona do stress – que prepara o nosso organismo para fugir ou lutar. A libertação desta hormona de modo regular provoca um impato negativo no desenvolvimento neurológico e psicológico da criança.

Os efeitos de gritar no cérebro do seu filho

Assim, os gritos constantes podem alterar de forma permanente a estrutura cerebral do seu filho:

  • diminuição do tamanho do hipocampo, estrutura cerebral relacionada com as emoções e memória;
  • redução do corpo caloso (estrutura que interliga os dois hemisférios cerebrais), o que compromete a estabilidade emocional e a capacidade de atenção

Por outro lado, se gritar é comum no ambiente familiar, a criança pode aprender que é ao gritar que consegue atingir os seus objetivos. Deste modo, pode reproduzir este comportamento noutros ambientes, como a escola. Além disso, pode desenvolver comportamentos de desobediência e comportamentos agressivos na adolescência.

Quais as alternativas a gritar com os filhos?

Gritar não resolve nem minimiza os problemas, mas pode agravá-los. Então o que fazer em alternativa?

  • Comece por perceber que não precisa de gritar para ser ouvido. Tente argumentar com o seu filho em vez de levantar a voz
  • Quando falar com o seu filho baixe-se ao nível do seu olhar e fale de uma forma clara, calma e ao mesmo tempo firme
  • Fique atento às suas próprias emoções e pare para refletir antes de reagir. Pode ajudar respirar fundo, contar até 10 ou procurar outras distrações antes de tentar transmitir a mensagem ao seu filho

Se o problema persistir e sentir dificuldade em lidar com os momentos stressantes, pode ser importante procurar ajuda psicológica!

Educar não é uma tarefa fácil e não existe uma fórmula mágica e perfeita. Mas pode ajudar estarmos atentos a alguns comportamentos para fazermos cada vez melhor pelos nossos filhos.